3.8.02

Capítulo XIV - Jeitosinha e Arlindo nas mão dos ETs

Lentamente Jeitosinha foi recuperando a consciência. Nos primeiros minutos,
aquele cenário de ficção científica parecia apenas um sonho estranho. Mas à
medida em que as imagens ganharam contornos e cores - e que aflorou em sua
mente a lembrança dos últimos momentos no carro - um indescritível pânico
tomou conta de nossa heroína.

Seu grito agudo acordou Arlindo que, como ela, encontrava-se atado a uma
chapa metálica, quase verticalmente.

A sala estava deserta mas, minutos depois, duas das criaturas verdes
entraram no ambiente.

Mesmo sendo de uma espécie muito diferente, Jeitosinha sentiu que aqueles
seres estavam muito tristes. Seus enormes olhos revelavam esta condição.

Usando um estranho aparelho, que acoplado à boca do extraterrestre
funcionava como um tradutor, a criatura que parecia liderar as demais
dirigiu-se ao casal.

- Creio que lhe devemos explicações...

Jeitosinha e Arlindo estavam paralisados pelo medo. O homem verde continuou:

- Meu planeta está passando por uma crise terrível. Construímos uma
civilização poderosa e avançadíssima. Controlamos todo a nossa galáxia, mas
estamos condenados à extinção.

Os rostos curiosos dos irmãos não moviam um só músculo, enquanto o ET
narrava sua história.

Ele explicou que, por um capricho da biologia que a ciência não conseguiu
contornar, estava nascendo em seu planeta um número infinitamente inferior
de mulheres, numa comparação com o número dos homens. Pelos cálculos dos
cientistas, em não mais que quinhentos anos seu povo terá desaparecido, a
não ser que se encontre uma alternativa para se reverter o quadro.

- Numa análise superficial - continuou a criatura - percebemos que talvez
fosse possível utilizar as terráqueas para gerar nossos filhos. Se a idéia
se confirmasse, nossa intenção era a de exterminar todos os homens e levar
conosco as mulheres. Minha missão veio à Terra com o propósito específico
de, analisando a anatomia femina, abortar ou autorizar a operação.

O homem verde deixou-se desabar numa cadeira, vencido pelo desânimo.

- Mantivemos você sedada por seis horas - disse, dirigindo-se a Jeitosinha -
e descobrimos, depois de estudá-la, que a máquina humana é muito mais
complexa do que esperávamos. Vocês, mulheres terráqueas, são bastante
parecidas com os homens.

Jeitosinha esforçou-se para não demonstrar sua enorme alegria: ao ser
confundida com uma mulher, sem querer ela havia salvado a raça humana da
destruição total!

- Vamos libertá-los e partir atrás de outros mundos. - Encerrou o ser.

Já de volta ao carro, ainda atônita por aquele turbilhão de emoções,
Jeitosinha abraçou seu irmão e inimigo:

- Você entende, Arlindo? Minha vida tem um sentido! O que são nossas rusgas
do dia-a-dia diante desta experiência tão avassaladora?

Arlindo afastou Jeitosinha e esboçou um sorriso pálido.

- É, irmã. Foi bom. O dia está nascendo e devemos voltar para casa. Mas como
a vida continua, amanhã você estréia no bordel.

O que estes ETs vieram fazer na história? Será que se foram da mesma forma
estúpida com que entraram?

Confira amanhã o próximo e emocionante capítulo!