3.8.02

Capítulo XII - Destino Cruel

Jeitosinha não acreditava no que acabava de ouvir. Desde a revelação de seu
trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o ódio em
seu coração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de Bruno, seu
amado, agora a nossa heroína era chantageada pelo cruel Arlindo!

- Você quer que eu me prostitua?

- Sim. - concordou o irmão, sem um pingo de emoção na voz - Existe um bordel
de luxo aqui perto de casa... Pessoas exóticas como você podem ter um bom
valor no mercado.

- M-mas... Eu sou virgem! Sou inocente! - retrucou Jeitosinha, aos prantos.

- Pois você tem até amanhã para aprender o que precisa.

Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou em seguida,
curioso em saber o que acontecera. Jeitosinha contou resumidamente a
história.

- Mas não pode ser! Você precisará matá-lo também! - reagiu o enrustido,
batendo o pezinho nervosamente.

- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho desaparecimento do
corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério. - disse
Jeitosinha, recompondo-se.

- Então você...

- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos caprichos
de Arlindo. E pode ter certeza: estarei mais pronta amanhã do que ele pensa!

*****

Pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou àquela noite ao
apartamento de Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero, sorvendo
doses e mais doses de uísque barato.

- Você destruiu a minha vida! - Lamentou o jovem.

A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa explosão de
luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno, antes que ele pudesse esboçar
qualquer reação.

Num primeiro momento ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de que
estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas no coração
de Bruno. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha...

No dia seguinte, consumada uma louca e completa noite de amor, a loira
acordou e viu Bruno, de pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso, mas não
foi retribuída.

- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, com um semblante que mais sugeria
um lamento que um elogio.

- O que você achou da noite, meu amor?

- Eu... Eu estou confuso... Foi tudo muito diferente... Me vi fazendo coisas
que nunca imaginei ser capaz...

- Calma amor... - respondeu docemente Jeitosinha - Sente-se aqui ao meu
lado. Vamos conversar melhor sobre isso...

- Bem... - respondeu Bruno, com um sorrisinho sem graça - podemos até
conversar. Mas sentar eu não consigo...